O sujeito cerebral: identidade e neurociências | Francisco Ortega

O interesse do tema da identidade é evidente por si mesmo. Sem identidade não há vida pessoal ou coletiva. Do aspecto pessoal, a identidade assegura a integração da biografia do indivíduo; do ponto de vista coletivo, a coesão das culturas ao longo da evolução das sociedades. A psicanálise preocupa-se em explicar a gênese, o funcionamento e a reprodução das identidades pessoais. Desse ângulo, importa discutir dois fatos: primeiro, qual o substrato do que nos torna sujeitos com consciência e sentimento psicológicos; segundo, quais crenças e desejos levam-nos a “querer ou dever ser” melhores, em qualquer sentido da expressão, do que fomos ou somos. A identidade psicológica, portanto, é um condensado de experiências, ordenado por significações ou narrativas postas à disposição dos indivíduos pela cultura. Podem ser míticas, filosóficas, políticas, religiosas, artísticas, científicas etc. Todas são variáveis no tempo. A cada tempo sua identidade. Levando em conta o fator histórico, pretende-se tematizar as mudança nas matrizes tradicionais de construção da identidade. Do final do século XVIII até, aproximadamente, a Segunda Guerra Mundial, o peso das instituições políticas, religiosas e familiares foi decisivo para a formação das identidades psicológicas. Depois, este tripé institucional teve sua força normativa abalada ou contestada por múltiplas agências socioculturais, antes irrelevantes como instâncias doadoras de identidade.

Programa exibido em 2005.

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Palestrante:

francisco ortega

Possui graduação em Filosofia – Universidad Complutense de Madrid (1991) e doutorado em Filosofia – Universität Bielefeld, Alemanha (1995). Foi professor visitante na Universidade de Bielefeld, Alemanha, no Center for the Humanities and Social Sciences do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (CSIC) em Madrid, na Universidade de Oldenburg, Alemanha, no Max Planck Institute for History of Science de Berlim, na Universidade de Buenos Aires, e, no Brasil, na UNICAMP e na UFF. Realizou pos-doutorado (2012-2013) no Department for Social Science, Health and Medicine do King’s College, Londres. Atualmente é Professor Titular do departamento de Ciências Humanas e Saúde do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Visiting Senior Research Fellow no Department for Social Science, Health and Medicine do King’s College, Londres. Ë diretor de pesquisa do Centro Rio de Saúde Global vinculado ao Instituto de Medicina Social da UERJ. É editor associado da revista Cadernos de Saúde Pública e membro do Advisory Board do Movement for Global Mental Health (MGMH). Tem experiência na área de Saúde Coletiva, Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde mental; saúde global, neurociência e sociedade, estudos sobre deficiência, história do corpo, história da subjetividade, história das neurociências. Também realiza pesquisas sobre TDAH no Brasil, o autismo nas redes sociais e o movimento da neurodiversidade e o cérebro adolescente. Autor e/ou organizador de 14 livros, 37 capítulos de livro e 62 artigos científicos. Foi cientista do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) de 2009 a 2014. Atualmente é Cientista de Nosso Estado da Faperj ( 2016 a 2019) fonte: escavador

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